XP passa a recomendar que todo investidor aplique 15% do patrimônio direto no exterior
- Valor Investe
- 8 de abr.
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Atualizado: 26 de abr.
Chefe de alocação do banco de investimento, Rodrigo Sgavioli aponta que indicação pode ser benéfica para o investidor conservador e também para quem não tem objetivos de ir para fora. Entenda
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Marília Almeida, Valor Investe — São Paulo
31/03/2025

O time de alocação da XP instituiu, pela primeira vez, um percentual mínimo recomendado para investir diretamente no exterior, via sua conta internacional. O time de alocação do banco de investimentos indica aplicar 15% do patrimônio financeiro lá fora.
Desse percentual total, o banco de investimento recomenda aplicar 55% na renda fixa lá fora (42% em títulos públicos e 13% em títulos corporativos), 40% na renda variável (sendo 60% no mercado de ações americano), 5,5% em investimentos alternativos e 2% em fundos com liquidez imediata (os chamados money market).
A indicação será feita para todos os perfis de investidores, mesmo os conservadores, conta Rodrigo Sgavioli, diretor de alocação da XP. Isso porque, em sua visão, esse é o aplicador que mais tende a se beneficiar da característica de proteção do dólar.
"A moeda tem uma correlação negativa com a carteira de investimentos no Brasil, enquanto produtos de renda fixa estão correlacionados. Acredito que seja um sonho para o investidor conservador verificar que sua carteira pode chacoalhar em direções opostas: quando parte dela desvaloriza, a outra ganha, e vice versa".
Além disso, o risco do Brasil é estruturalmente elevado, enquanto investimentos no país representam por apenas 2% do total global. "Quem investe apenas no Brasil está deixando 98% das aplicações na mesa, o que é preocupante se considerarmos que estamos em um mundo em transformação. E está torcendo para o Brasil, um país com economia cíclica, dar sempre certo".
Sgavioli acredita que os clientes devem deixar de lado os questionamentos sobre se é o melhor momento para começar a investir tanto em relação ao preço alto do dólar quanto o cenário mais nebuloso para o mercado de ações americano daqui para a frente, dado que os índices já avançaram muito nos últimos dois anos e podem passar por uma correção.
"Ocorreu uma bolha nos anos 2000. Mas dez anos depois grandes empresas de tecnologia, como Google e Meta, se tornaram as mais valiosas do mundo. A bolsa americana pode estar passando por um vai e vem maior, mas estruturalmente deve continuar relevante".
Sobre o dólar, como ninguém sabe para onde caminha, o melhor a fazer é investir aos poucos, de forma a pegar uma cotação mais aceitável, como se faz na compra de moeda para viagens, explica. Veja para onde deve ir o dólar em 2025.
Por fim, o executivo refuta o argumento de muitos clientes de que, para investir no exterior, é necessário ter algum patrimônio lá fora, realizar viagens internacionais ou pagar intercâmbio para os filhos. "Nosso consumo aqui é dolarizado. Investir lá fora, portanto, é um meio de se proteger da inflação por aqui. Caso o investidor tenha objetivos de viver fora, a fatia de investimentos no exterior deve ser maior. A fatia de 15% é o mínimo que ele deve ter apenas para se proteger do risco do Brasil e da alta dos preços".
A XP continuará a recomendar que parte da carteira de investimentos no Brasil seja alocada em produtos lá fora. Mas, neste caso, indicará apenas produtos em reais, ou seja, que não incluem a variação cambial em seu retorno. A carteira lá fora será separada da carteira de investimentos no Brasil, uma forma, segundo Sgavioli, de 'cortar' a comparação com a referência para investimentos de renda fixa no Brasil, o CDI, o que desestimula a aplicação.
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